terça-feira, 17 de novembro de 2009

Resumo do mini-curso da UECE
O mini-curso sobre a universidade na contemporaneidade, ministrado pela professora Maria da Glória Barbosa, teve como objetivo refletir sobre a atual situação das universidades brasileira, em destaque a UECE.
A princípio foi elaborada uma retomada história sobre a universidade em geral, pois como se sabe as primeiras universidades sugiram na Europa.
Na idade média a universidade tinha como característica o poder, a proteção e o privilégio. Já as universidades modernas podem contar com várias reformas, como a de Wilhelm Humboldt ocorrida na Alemanha, em que este pretendia reformar a modernização da universidade contra todo o poder da igreja. Esta reforma foi de grande importância devido a sua atuação na modernização da formação do ensino profissional. Também proporcionou espaços de reflexão e pesquisa.
Depois dessa “viagem” histórica podem-se apresentar alguns fatos da universidade contemporânea. Foi desencadeada uma discursão em torno da questão da educação superior como fator de produção do conhecimento, geração de riquezas, formação de cidadãos e inclusão social.
Aprofundando um pouco mais o tema foram expostas três teses a respeito da universidade no século XXI: Marilena Chauí e Boaventura Santos.
Nos últimos anos o cenário da educação tem avançado o mercado universitário, desencadeado a competição por alunos a mercantilização da educação. Os Estados brasileiros estão cada vez mais gastando menos com a educação superior.
Foram apresentadas as três teses de Edgar Morin onde se pode ver a universidade como conservadora, memorizadora e integradora da ritualização de uma herança cultural de saberes, idéias e valores. A função da universidade é vista como transecular. É interessante a observação sobre o seguinte ponto: “A universidade deve adaptar-se à sociedade ou a sociedade deve adaptar-se à universidade?”.
A pressão que leva a adequar o ensino e as pesquisas ás demandas econômicas, técnicas e administrativas do momento, a conforma-se às últimas estimativas do mercado, ocorrendo assim, a marginalização da cultura humanista. O ensino superior se transformou numa “pandemia contemporânea”
Nesse sentido, foi possível finalizar o pensamento de Edgar com a incidez de Milton Santos: “o mundo é uma realidade complexa, difícil, impressionante e fascinante, mas pouco conhecida. Filosofar não é privilégio dos filósofos... alguns temas merecem nível profundo de reflexão. Estamos na totalidade... no mundo... na aceleração contemporânea, enfim mergulhados no movimento do mundo... as construções são longas e lentas”.
Num momento mais atual é relevante saber que a complexidade da sociedade nos leva as conseqüências dramáticas conhecidas como globalização e neoliberalismo.
Os desafios do ensino voltam-se para uma sociedade justa e fraterna. Há uma desvalorização das atitudes reflexivas e desrespeito aos que pensam, ainda por cima, propõe a competição do homem consigo mesmo.
Para concluir, foram apresentadas algumas teses da Marilena Chauí, em que a professora Maria da Glória pode fechar o mini-curso com a seguinte frase: “A educação é inseparável da formação e é por isso que ela só pode ser permanente” (Chauí).

sábado, 14 de novembro de 2009

Questionário sobre violência

• O que entendemos por violência?

A violência pode ser considerada como expressão do medo, da ignorância. São ações que machuca os outros e até a si mesmo. É muito complexo definir a violência, tanto que já dizia Anthony Asblater que “não existe uma definição consensual ou incontroversa de violência. O termo é potente demais para que isso seja possível”.
Outro pensador sobre isso é Hobbes: “De modo que a natureza do homem encontramos três causas principais de contenda. 1°: competição; 2°: deficiência; 3°: glória. A primeira leva os homens a invadir pelo ganho, a segunda pela insegurança e a terceira pela reputação.
Kinkes, um pensador atual, afirma sobre o tema que a violência não é impulso primitivo e irracional, nem menos uma “patologia”, é o “resultado quase inevitável da dinâmica dos organismos sociais racionais movidos pelo auto-interesse”
Há muitas formas de violência, tanto físicas, como psicológicas. Exemplo tem-se a violência contra a mulher, violência verbal, violência política e entre outras.

• Quais as causas da violência atual?

“jamais o Brasil passou por tamanha liberdade”
(Jair, 2003).
Há muitos fatores que se podem dizer causadores da violência atual, pois esta afirmação funciona como um vínculo do ontem, do hoje e do amanhã. Fatores como a crise econômica tem sua parcela de culpa nas crescentes causas da violência, o gera a perda de amor, contribuindo assim para o individualismo, para a conquista do autoritarismo. Essa crise associa-se a dificuldades financeiras, que contribui pra o processo de desigualdade. Definir as causas das desigualdades se torna muito complexo, pois eventos muitos complexo que exige conhecimento histórico, visto que não se pode afirmar que a causa da violência nas ruas é por conseqüência da falta de apoio familiar. Mas será que a família já não busca dá esse apoio? Ou não seriam o caso de ver quais as técnicas que estes membros familiares estão utilizando? Este é só um exemplo, mas não quer dizer que não se possa traçar um perfil de causas atuais para violência, como o exemplo das causas já citadas (crises econômicas, desintegração familiar, individualidade, desigualdade).

• Que multiplicidades de determinações a produzem?

Diante desse âmbito da violência nos são determinados manejos de como sobreviver no mundo da violação, de uma forma ou de outra já cometemos um ato de violência. É possível ver isso, por exemplo, no mercado de trabalho. Sabemos que hoje o mercado de trabalho está não só competitivo, mas também exigente, fazendo assim, que as pessoas passem por cima de outra fazendo de tudo para conquistar o melhor de tudo, e somos influenciados desde cedo a participar de tal evento. A própria escola reproduz esse mecanismo que nos leva a competição. Logo, desde cedo temos que ter conhecimento de que se não formos o melhor seremos marginalizados, excluídos da sociedade. E o pior de tudo isso é que realmente essa idéia está presente na sociedade. Mas daí surge o pensamento que não são os marginalizados causadores da violência, e sim a própria classe dominante que contribuiu para esse quadro.

• Será que estamos conformados em serem consumidores da violência?

De certa forma reproduzimos aquilo que somos influenciados a fazer: a busca de sempre encontrar o melhor pra si. É muito comum hoje sempre estarmos se preparando, fazendo o melhor possível para conseguir um bom posicionamento num emprego, por exemplo, e por isso temos nossa parcela de culpa no forte crescimento da violência. Queremos pensar que não estamos conformados, contudo poucas coisa fazemos, pois sempre se busca a solução por parte do Governo. Sabemos que até isso também somos projetados para reproduzir. Mas se somos cientes de que somos influenciados a pensar de um modo já planejado, porque não conseguimos mudar esse pensamento?
Há muitas ações que tentam mudar a atual situação que vivemos, porém há muita coisa para mudar.

“Análise da realidade do meu meio”

Pode-se observar diante do espaço em que vivo muitos pontos. Alguns mais instigantes que me fizeram ir em busca de suas causas através de um diálogo com a própria comunidade. Todo esse contexto é relacionado com as aulas expostas em sala de aula, podendo assim, diante do trabalho relembrar algumas passagens.
Moro na cidade de Horizonte, no Bairro Zumbi, onde praticamente nasci e cresci. Inicialmente, na minha caminhada pelas ruas, centrei na busca pelos os reais sofrimentos. Sei que neste momento de reflexão deveria analisar o momento atual, porém em algumas ocasiões é necessário retomar a momentos passados para poder entender a realidade presente. No texto do 3º encontro sobre conhecimento da realidade é destacável o fato de que o enriquecimento humano no processo de humanização só se realiza a partir do momento que tenho conhecimento concreto daquilo que estou investigando, e também fazendo parte do objeto investigado.
Foi possível traçar pontos mais evidenciados, como o grande índice de criança e jovens influenciados pelo tráfico de drogas em locais que eram costume ser lazer. É observado nesse caso o abandono de costumes antigos (no caso, de grande fluxo de pessoas nessa localidade), deixando de lado tais valores.
Outro ponto é o caso da falta de saneamento básico. Este retrata a triste imagem, em partes de algumas ruas, que realça a falta de um plano de estruturação urbana na cidade. Coloco este ponto não só pelo motivo de representar um tipo de “poluição visual”, mas também o desencadeamento de outros fatores, como aparecimento de insetos, que por sua vez gera doenças, e assim, agrava outro problema: o descaso da saúde pública, que por sua vez não está muita boa.
A questão seguinte é de um outro âmbito mais incidente que é o fato de meninas muito novas, entre 12-18 anos, grávidas, que nem mesmo pode desfrutar do momento da adolescência. Diante de uma jovem, que pude conversar, observei que ela (mãe de uma criança aos 18 anos) não tinha intenção nenhuma de engravidar, tudo não passou de um descuido, que aos poucos teve que aprender a lidar com as conseqüências. Uma senhora, na qual perguntei sobre o mesmo tema, colocou que a causa desse problema é “liberdade que muitas mães dão às filhas”. Esse depoimento me fez pensar a respeito sobre o que é liberdade. Será que as pessoas sabem bem o que é? Como usá-la? E como ter liberdade? Às vezes, brigamos para ter algo que nem se sabe seu real significado.
A cidade de Horizonte é historicamente muito nova (22 anos). Era integrada por pessoas de famílias muito próximas. Seu crescimento econômico (chegada de indústrias na região) chamou a atenção no fluxo migratório de cidades vizinhas. Contudo Horizonte não tinha capacidade financeira de atender a demanda da nova população, gerando a marginalização daqueles que não se ingressassem com o novo perfil sócio-econômico da região. É evidente que existem outros fatores que também influenciam, porém o que quero é chegar é na causa de eventuais fatores aqui apontados e suas conseqüências.
É interessante destacar que ao conversar com algumas pessoas desconhecidas foi gerado um tipo de limite. Isso se deve ao fato de que certas pessoas se sentem inseguras, com medo até de opinar a respeito de algum problema que a cerca. Por instantes senti um tom de acomodação das pessoas, que às vezes não conhece o próprio ambiente em que vive. Toda via o que me chamou mais atenção foi o diálogo que tive com uma senhora, já conhecida por minha família. Quando cheguei a casa dela, vi que sempre relacionava seus sofrimentos às necessidades materiais, porém no meio da conversa seu marido aparece, e logo sai. Esta observando da janela se ele já havia ido embora começa a abrir seu coração e relatar seu maior sofrimento: o convívio com seu marido. Destaquei esse momento para enfatizar o texto sobre liberdade, quando fala que o diálogo necessita da confiança, e permite o desarmamento do espírito. Acredito que pessoas, por medo de piorar a situação em que vive, acaba se acomodando com o problema, e essa é a pior conseqüência, visto que muitos deixam de conhecer aquilo que está ao seu lado.
Para finalizar, destaco o envolvimento de crianças e jovens no tráfico de drogas como sendo o mais grave. A origem disso pode dizer que a influência de outras culturas, a falta de criação de planos que pregue a convivência familiar e entre outros pontos. Com relação às conseqüências são incalculáveis, pode-se iniciar da violência, dos assaltos e das mortes ocasionadas por esses fatores. Para superação retoma-se há uma elaboração de projetos que visem a integração desses jovens em convívio familiar, e antes de qualquer outro fato, tem-se a necessidade de prevalecer o conhecimento da própria comunidade sobre aquilo que elas estão inseridas, e elas próprias conscientizarem, antes de qualquer ajuda externa, de seu real papel no meio social.